A D’Maker acompanha-nos há 1 ano, já esteve connosco na Expedição Gasherbrum 2008 e volta a apoiar-nos na Gasherdreams.
É já seguro que vamos comer mousse de chocolate e arroz doce aos 7000m e de que vamos poupar as pernas nos 100km de trekking até ao campo base com um bom par de bastões.
As cordas a utilizar são novinhas, assim como os capacetes e toda a panóplia de mosquetões. Luz, também não vai faltar...só se for por falta de pilhas...mas como a Princetontec não as fabrica, esse item é da nossa inteira responsabilidade!
Aqui fica o nosso obrigado à D’Maker e ao Carlos Vieira, por nos apoiar mais uma vez..
D’Maker is with us for a year, it was already our equipment partner in the expedition Gasherbrum 2008, and is now again supporting us in Gasherdreams.
It’s currently safe to say that we’ll have chocolate mousse and vanilla rice pudding at 7000m hight, and we’ll spare our legs in the long 100 km trekking until base camp with a good pair of poles.
We’ll use new ropeshelmets and carabineers. We’ll also not miss proper light…only if we miss the batteries…but since Princetontec is not making those, that item is entirely our responsibility!
So again, thank you D’Maker, and Carlos Vieira, for the support once again.
21/05/09
(Desta resolvemos partir os agradecimentos em 3 partes: EQUIP, D’Maker e Amigos)
Há uns tempos atrás, espreitei diversas vezes a página da RAB. Cobiçava os casacos de penas da marca, porque me pareciam ideais para a actividade a que nos propomos.
Uma pequena tenda prendeu também a minha atenção, pesava somente 2,2kg! Era o peso ideal para repartir entre as minhas costas e as do Paulo.
Pela página da RAB, cheguei à PodSacs. Confesso que não conhecia esta marca, mas do que vi, as mochilas disponíveis tornaram-se...bastante apetecíveis. Em parte pela especificidade dos detalhes e claro está...pelo peso, ou melhor, pela leveza!
Quanto mais conhecia das marcas, mais interesse tinha no material. Facilmente percebi porque estava tão bem concebido, é que é feito por alpinistas, para alpinistas! É desenhado por gente conhece bem as necessidades em cada actividade, porque são praticantes.
Certo dia lá me decidi a contacta-los, e após várias trocas de mails, com conselhos sobre qual o equipamento mais indicado para a expedição, foram feitas as escolhas. Pouco depois chegou uma caixa em que, para além dos casacos de penas que tanto cobiçamos (Neutrino Andes Jacket and Summit Batura Jacket), recebemos luvas de expedição, casacos Vapor-rised, mochilas PodSacs e a nova tenda da RAB (Summit Superlite Bivi) que em vez de ter 2,2kg, tem 1,5!!!!!
Como contrapartida, muito nos agradou que a principal preocupação fosse o darmos feed-back do material que vamos levar, para que este possa ser melhorado ainda mais.
Aqui fica o nosso obrigado à Equipuk, à qual pertencem as marcas RAB e PodSacs e à Nikki, com quem contactei frequentemente.
Obrigado, pelo apoio e pela eficiência.
Thank you guys!
Some time ago, I peeked several times at RAB’s web page. I was looking for some down jackets and 2 of their models looked great for the climb we have planned.
There was also a small tent catching my attention, weighing 2,2kg! I imagined it would be the ideal weight to share between my back and Paulo’s.
Through RAB’s page I found out about Podsacs and I must confess I wasn’t aware of this brand! I investigated further and the backpacks available became very…attractive to us. Partly because of the designers obvious attention to detail, the high technical specification and of course…because of the weight, or…the lack of it!
The more I saw the materials and gear available, the more my interest grew. It was easy to understand why the gear was so well specified. It’s because it is designed by alpinists, for alpinists. By people that understand the athletes needs in every activity, because they practice it themselves.
As a feed-back, it pleased me a lot to realise that their main concern was that we made reports about the gear, in a way that they can make it even better.
So we want to thank Equipuk, RAB and PodSacs for the support for Gasherdreams expedition, and Nikki, with whom we had frequent contact.
Thanks you guys, for your support, and efficiency!
15/05/09
ESPORÃO DOS FRANCESES
A Daniela aos 6000 metros com o GII atrás.
Daniela at 6000 m, with GII on the back.
O Gasherbrum II, com 8035 metros encontra-se na cordilheira do Karakorum, na Republica Islâmica do Paquistão.
O nome foi atribuido pelo povo Balti e a montanha é a segunda em altitude do grupo das “montanhas brilhantes”.
A primeira ascensão foi realizada pelos Austriacos Larch, Wilenpart e Moravec em Julho de 1956 após quase três meses de expedição.
Gasherbrum II (8035m) is located in the Karakorum range, in the Islamic Republic f Pakistan.
The name of this mountain was given by the Balti people, and it is the second highest mountain in the group of the Gasherbrum’s (meaning “Shining wall”).
The first ascent was done by the Austrians Larch, Wilenpart and Moravec, in July 1956, after almost 3monthes of expedition.
O espectacular Chogolisa, durante a marcha de aproximação ao campo base.
The spectacular Chogolisa, seen during the trekking to base camp.
A escalada foi realizada pela aresta sudoeste, hoje adoptada como via normal da montanha.
A segunda ascensão foi protagonizada pelos internacionalmente famosos alpinistas Franceses, Marc Batard e Yannick Seigner, passados 19 anos da conquista da montanha.
Estes escolheram o esporão Sul para a sua escalada de 1975.
Desde então, essa via ficou conhecida como: “Esporão dos Franceses”.
They climbed by the southwest spur, that is now the normal route.
The second ascent was done by the internationally famous French alpinists, Marc Batard and Yannick Seigner, 19 years after the first climb of the mountain.
They chose to ascent through the south spur in 1975. Since then, their line of ascent is known as “The French Spur”.
A Daniela, na entrada do Esporão dos Franceses.
Daniela, in the beginning of "The French spur".
Na época de 2008, depois de aclimatar na via normal até aos 7000 metros, tentámos escalar o Esporão dos Franceses em estilo alpino. Entrámos pela linha que nos pareceu mais óbvia e segura, pela direita de uma grande torre de rocha, continuando por uma aresta muito afiada que conduziu a outra aresta inclinada antes de instalar-mos a tenda numa plataforma (que tardámos quatro horas a cavar!) aos 6500 metros.
In 2008, after acclimatizing in the normal route reaching 7000 m, we tried to climb “The French Spur” in alpine style. We began our ascent following the way that looked more obvious and safe, we climbed a face on the right-hand of a great rock tower, and then a very sharp crest that lead to another. We managed to camp (after spending 4 hours to dig a small platform) at 6500m.
Na "aresta afiada".
On the sharp crest
Até aí, a escalada revelou-se mais dura que o calculado. Por várias vezes tivemos de montar reuniões no gelo e proteger determinadas passagens. No entanto, estávamos decididos a continuar até receber a mensagem do Vitor Baía que nos informava que a frente de mau tempo tinha-se adiantado relativamente ao previsto.
The climb was harder than what it looked like from below. Quite a lot of times, we had to belay in the ice, to be safer in some steps. Still, we were motivated to keep climbing, until receiving a message from Vitor Baía, informing us that bad weather was coming sooner then expected.
A "aresta afiada" vista de cima.
The sharp edge as seen from above.
No dia seguinte, uma travessia horizontal exposta de escalada mista, com uns 60 metros, demorou-nos mais de duas horas a realizar.
Contas rápidas determinaram que era-nos impossivel alcançar o cume antes do mau tempo cair sobre as montanhas.
Abortámos assim, a nossa tentativa destrepando e rapelando directamente, desde o ponto em que desistimos.
On the second day, a horizontal and exposed traverse involving mixed climbing in rotten rock, with about 60m, took us 2 hours to go through.
We then realised that it would be impossible to reach the summit without being caught by the bad weather.
So, we aborted our attempt and downclimbed and rappelled directly to the glacier, right from the point where we were.
Momentos antes de desistir.
Moments before starting our descent.
De volta a casa e, após alguma investigação, descobrimos que não existem referências de expedições terem entrado na via pela direita da torre rochosa inicial. Sem o saber, acabámos por inaugurar uma variante de entrada ao Esporão dos Franceses.
Este ano retornamos à mesma via.
O nosso plano consiste em, mais uma vez, aclimatar na via normal do GII e posteriormente, tentar a ascensão do Esporão dos Franceses em estilo ligeiro.
Back home, after some investigation, we found out that there was no info. about any expedition starting to climb that line where we started. Without knowing, we had just opened an entry variant on “The French Spur”.
This year, we decided to try that line again.
Our plan is, once again, acclimatize on the normal route of GII and then go for “The French Spur” light style.
Um aspecto curioso é o facto de a linha que sonhamos escalar, estar intimamente ligada ao nascimento da Daniela.
No dia 17 de Junho de 1975 Marc Batard e Yannick Seigner preparavam-se para iniciar a escalada que os levaria ao cume do GII, através do esporão sul, nunca antes subido.
Por cá, mais ou menos pela mesma altura, tendo em conta a diferença horária, a Daniela anunciava o seu nascimento, chorando a plenos pulmões.
Quase 34 anos volvidos, contamos os dias que faltam para regressar.
A curious aspect is the fact that, the line that we dream to climb is intimately related to Daniela’s birth.
On the late hours of the 17th of June of 1975, Marc Batard and Yannick Seigner were getting ready to start the climb that would lead them to the summit of GII (accomplished on the 18th of June), following the south spur, never climbed before.
At about the same time, taking in account the different timetables, Daniela was born, crying out loud for the first time.
Almost 34 year later, we are counting the days to go back there.
Paulo Roxo
07/05/09
“No verão de 2008 decidimos escalar um dos gigantes da terra em estilo alpino. No Gasherbrum II, com pouco mais de 8000m, descobrimos aquilo que buscávamos, uma linha estética que permitia uma ascensão directa, sem a utilização de cordas fixas ou a instalação prévia de campos de altitude, pelo menos iríamos tentar...
O sonho conduziu a uma realidade, a realidade de uma aventura sem conclusão. A realidade conduziu a um novo sonho...voltar a tentar...”
Passamos quase um ano a sonhar, a olhar para inúmeras fotos do Gasherbrum II (8035m), a avaliar a possibilidade de voltar. Passamos um ano com as carteiras quase vazias. A certeza de uma nova aventura surgiu no dia 3 de Abril, dia em que arriscamos comprar os bilhetes de avião com destino a Islamabad.
Desde aí, o nosso dia a dia voltou a entrar num ritmo condicionado pela expedição, a motivação nos treinos cresceu ainda mais, revemos todo o material para avaliar as nossas necessidades, optimizamos alguns itens, imaginamos estratégias, sonhamos com o que será a nossa realidade durante os meses de Junho e Julho.
Somos agora invadidos por mil questões, será que vamos encontrar menos gelo na via que queremos escalar? Será que a meteo nos vai ser favorável? Será...? Será...?
A única resposta que temos como certa é que não vai ser uma ascensão fácil, mas será certamente mais uma experiência inesquecível. A única resposta que temos como certa é que queremos tentar mais uma vez a ascensão da linha que há um ano atrás nos fez sonhar, o “Esporão dos Franceses” no Gasherbrum II.
A escolha não foi imediata. Pensámos noutras montanhas, noutras possíveis aventuras, noutros locais perdidos pelas cordilheiras do mundo. Perguntámo-nos vezes sem conta, com tantas montanhas por descobrir, porque voltar exactamente ao mesmo local? À mesma montanha?
A resposta era sempre a mesma, ali, no “Esporão dos Franceses”, no GII, está a via que ainda hoje sonhamos escalar, e se o nosso sonho está ali, porque fugir dele?
Esta foi a pergunta a que nunca conseguíamos responder e a falta de resposta conduziu-nos de volta a esta bonita montanha.
“O Esporão dos Franceses” foi amor à primeira vista, iluminou a nossa imaginação desde o primeiro dia.
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Novamente queremos tentar esta via no mesmo formato, aclimatar na via normal do GII e tentar o esporão de uma assentada, em estilo ligeiro, sem oxigénio, sem carregadores e sem cordas fixas.
Claro que sabemos que pisar desta forma o cume do GII não vai ser tarefa fácil! Aliás, a nossa tentativa em 2008, mostrou-nos que a via é mais difícil do que aparenta quando vista cá de baixo.
Mas mesmo sabendo das dificuldades, vamos. Vamos com esperança que os astros se conjuguem, que a via esteja em condições de ser escalada, que a montanha nos acolha, que o vento não passe de uma suave brisa e que o sol nos aqueça nos dias cruciais.
“In the summer of 2008 we decided to climb one of the giants of the earth in alpine style. In Gasherbrum II, a little higher than 8000m, we found what we were looking for, an aesthetic line that allowed a clean ascent, with no fixed ropes and no previous high altitude camps, at least we were going to try…sadly, we didn’t make it to the summit.
So this dream led reality, the reality of an adventure without an end. The reality led to a new dream…to try again…”
We spent almost one year dreaming, looking at numerous pictures of Gasherbrum II (8035m) and evaluating the possibility of returning. We also spent one year with our wallets almost empty! The confirmation of our new adventure came on the 3rd of April, co-incidentally the very same day that we had taken a risk and already paid for our flights to Islamabad!
From that moment on, daily life was once again driven by the expedition. The motivation in our workouts grew even more, we revised all our gear checking our needs, we optimised some items, imagined strategies, dreamed about what will be our reality in June and July.
A thousand questions drop in our minds…will we find less ice on the ascent line? Will the weather be more favourable? Will…? Will...?
The only answer we have for sure is that the ascent we choose to go for will not be an easy one, but it will surely be another unforgettable experience. We are certain that we want to try again to ascend the line that one year ago caught our attention, the “French Spur” in Gasherbrum II.
Our choice was not immediate. We thought about going for other mountains, searching for other possible adventures, in lost places in other mountain ranges of the world.
We asked ourselves countless times: with so many mountains still to discover for us, why are we going back exactly to the same place, to the same mountain? The answer is always the same, there, in GII, the “French Spur” is the line that we still dream to climb, and if our dream is there, why run away from it?
The “French Spur” was love at first sight, it enlightened our imagination since the first day we saw it.
This time we will attempt the same line using the same strategy, acclimatising on the normal route, and going for the “French Spur” all at once, light style, no oxygen, no porters and no fixed ropes.
We are well aware that stepping on the summit of GII this way will not be an easy task! Our attempt in 2008 showed us that the line is harder than it appears to be when we look at it from below.
But even though we are aware of the difficulties, we go filled with optimism, hoping that the line will be in better climbing conditions, that the mountain will give us the chance to climb it, that the wind will be little more than soft breeze and that the sun will shine for us in the crucial days.